# Esta é a primeira parte deste artigo; a segunda parte está disponível aqui.
Quando partimos à descoberta de um país nem sempre nos apercebemos da História e significado que se escondem por trás do seu nome. Achamos até o nome de alguns países engraçados (como por exemplo o Perú onde, acredite-se ou não, o animal não tem propriamente um lugar de destaque na sociedade!) e pensamos que conhecemos a sua origem. Mas como vamos descobrir de seguida, por trás de alguns nomes escondem-se boas surpresas!
Belize

Mar do Caribe, Belize (créditos: Miriam Augusto)
O nome foi adoptado oficialmente em 1973, quando o país era ainda uma colónia autónoma do Reino Unido.
Bolívia

As fantásticas cores das lagoas na Bolívia (créditos: Cau Costa)
Este não é difícil de adivinhar: a Bolívia deve o seu ao famoso libertador Simon Bolívar, que liderou as revoluções contra o domínio espanhol na América do Sul.
Inicialmente Bolívar deu a opção de manter o Alto Peru sob o Peru, uni-lo às Províncias Unidas do Rio da Prata ou declarar a sua independência. Em 1825, uma assembleia nacional optou pela independência e, ao nomear Bolívar como o primeiro presidente de um país com o seu nome, eliminar quaisquer dúvidas que este pudesse vir a ter.
Chile

Lagoa Cejar, Chile (créditos: Cau Costa)
Em 1535 os sobreviventes da primeira expedição espanhola na região, liderada por Diego de Almagro, receberam o nome de “homens de Chilli”. No entanto não é clara a origem deste nome, e por isso diferentes teorias foram propostas ao longo dos tempos.
Um cronista do séc. XVII afirma que o nome é uma corrupção de “Tili”, o chefe de uma tribo no vale do monte Aconcágua aquando da conquista do povo Inca. Teorias mais modernas apontam como origem do nome as palavras da língua Quechua “chiri” (frio); ou do Aymara “tchili” (neve ou profundezas); ou do Mapuche “chilli” (onde a terra acaba ou se esgota).
China

Grande Muralha da China (créditos: Tânia Neves)
A teoria mais comum é de que o nome advém do estado Qin (ou Cin), um reino ocidental chinês do séc. IX AC, e que mais tarde deu origem à dinastia com o mesmo nome.
A palavra foi encontrada escrita em sânscrito em textos antigos do hinduísmo, surgindo dúvidas se seria derivada de uma língua da Ásia Central, usada para identificar o estado de Jing ou o antigo reino de Yelang, no planalto tibeto-burmanês, a sul.
Em todo o caso, a palavra é registada na Europa pela primeira vez em 1516 no diário do explorador português Duarte Barbosa, chegando ao inglês por intermédio de uma tradução publicada em 1555.
Guatemala

Guatemaltecos (créditos: Patrícia Campos)
A origem do nome não é totalmente clara, mas tem sido sugerido que vem de uma palavra Nahuatl “Cuauhtemallan” (terra ou lugar de muitas árvores; ou terra da águia). Também é possível que o país tome o nome da palavra “Guhatezmalha” (montanha da água jorrante), graças aos seus vulcões.
Em todo o caso este foi o nome que os soldados tlaxcaltecanos deram a este território, ao acompanharem o conquistador Pedro de Alvarado durante a conquista Espanhola, cerca do ano 1520.
Índia

Taj Mahal (créditos: Fábio Inácio)
Já os antigos gregos se referiam aos Indianos como “indoi” (o povo do Indo); o nome moderno da Índia deriva do latim “Indus”, que por sua vez tem a sua origem na palavra persa “Hindu” e no sânscrito “Sindhu”, a denominação local histórica do rio Indo.
O nome “Bharat”, reconhecido na constituição, é usado por muitas línguas indígenas, com variações. É uma modernização do nome “Bharatavarsha”, referindo-se ao subcontinente indiano, e ganhou aceitação a partir de meados do séc. XIX como um nome nativo para a Índia.
Finalmente o nome “Indostão” (em inglês, “Hindustan”) é um nome persa que remonta ao século III AC, tendo sido introduzido pelos mongóis. Pode referir-se a uma região abrangendo o norte da Índia e o Paquistão, à Índia na sua totalidade ou apenas à parte norte do país.
Indonésia

Parque Nacional de Komodo (créditos: Miriam Augusto)
Derivando do antigo nome grego “Indos” e da palavra “nesos”, o nome Indonésia significa “ilhas indianas”. Mas na realidade este nome data apenas do séc. XVIII, muito depois da antiga Grécia e antes da formação da Indonésia como estado independente.
Até então o arquipélago tinha sido conhecido por vários outros nomes, de entre os quais “Yavadvipa”, “Suvarnabhumi” ou “Suvarnadvipa” (em sânscrito e pali), “Nusantara”(antigo javanês), “Iabadiu” (do antigo grego e latim), “Jawi” (árabe), “Nanyang” (chinês), “Insulíndia” (português e espanhol) e “Malayunesia” (inglês).
Durante o domínio colonial, o arquipélago foi conhecido como “Índia do Leste”, tanto em inglês como em neerlandês, mas a partir de 1900 alguns grupos nacionalistas começaram a adoptar o nome Indonésia, começando a ser oficialmente reconhecido a partir de 1913.
Irão

Esfahan (créditos: Fábio Inácio)
O termo Irão deriva diretamente do Persa “Ērān” ou “Aryānam” (significando, no plural, nobre, livre ou nascido de alto), reconhecido numa inscrição do séc. III AC com o termo “aryan” (terra dos nobres ou terra dos livres).
Historicamente, o país tem sido referido como Pérsia pelo Ocidente, devido aos escritos gregos que se referiam a todo o Irão como “Persis” (terra dos Persas), quando na verdade este era o nome da província com a qual tiveram maior contacto.
Em 1935, Reza Pahlavi (xá do Irão) solicitou à comunidade internacional que se referisse ao país pelo seu nome nativo, Irão. Hoje em dia, embora Irão seja reconhecido como o nome oficial, ambos os nomes continuam em uso, dependendo do contexto em que são utilizados.
Malásia

Plantação de chá, Cameron Highlands, Malásia (créditos: Miriam Augusto)
O nome Malásia (em inglês “Malaysia”) é uma combinação da palavra “malaio” (em inglês “Malay”) e do sufixo latino-grego “-sia”. A palavra “melayu” (em malaio) pode derivar das palavras tâmil “malai” (montanha) e “ur” (cidade ou terra). “Malayadvipa” era a palavra usada pelos antigos comerciantes indianos quando se referia à Península Malaia.
Antes do início da colonização europeia, a Península Malaia era conhecida nativamente como “Tanah Melayu” (Terra Malaia). Após a expedição do navegador francês Jules Dumont d’Urville à Oceânia em 1826, este propôs os termos “Malásia”, “Micronésia” e “Melanésia” à Société de Géographie em 1831, distinguindo essas culturas do Pacífico e grupos de ilhas do termo existente “Polinésia”.
Em 1963, a Federação Malaia adopta o nome de Malásia, formando uma nova federação juntamente com Singapura, Borneo e Sarawak. Curiosamente alguns políticos filipinos chegaram a considerar dar o nome “Malásia” ao seu país, antes de este se tornar oficialmente nas Filipinas.
Marrocos

Grupo The Wanderlust em Marrakech, Marrocos (créditos: Miriam Augusto)
A base do nome inglês de Marrocos é Marraquexe, a sua capital sob a dinastia Almorávida e o califado almóada. Por seu turno, a origem do nome Marraquexe é disputada, mas vem provavelmente das palavras berberes “amur (n) akush” (Terra de Deus). Em turco, Marrocos é ainda conhecido como “Fas”, nome derivado da sua antiga capital Fes.
O nome arábico completo “al-Mamlakah al-Maghribiyyah” significa “Reino do Ocidente”, embora “o ocidente” em árabe seja “Al-Gharb”. Para referências históricas, historiadores árabes medievais e geógrafos, por vezes referiam-se a Marrocos como “al-Maghrib al-Aqṣá” (o Oeste mais distante”) para distingui-lo das regiões históricas vizinhas chamadas “al-Maghrib al-Awsaṭ” (o Oeste médio) e “al-Maghrib al-Adná” (o Oeste próximo).
Agora que sabes a etimologia de vários países, vem conhece-los com a The Wanderlust.