Depois de uma viagem ao Vietname, Maria João Proença deixou um trabalho das 9 às 5 e decidiu mudar o rumo da sua vida. Actualmente, passa grande parte do ano a viajar, partilhando as suas aventuras no Joland, um blog que começou como uma página para família e amigos onde podes encontrar crónicas e dicas de viagem.
The Wanderlust: Como surgiu a ideia de partilhares as tuas aventuras no Joland?
Maria João Proença: O blog começou em 2015 na altura em que fiz a minha primeira viagem sozinha pelo Sudeste Asiático. Inicialmente as crónicas de viagem que ia partilhando diariamente no blog serviam apenas para manter família e amigos a par das minhas aventuras do outro lado do mundo.
Eventualmente comecei a perceber que estava a receber visitas no blog de pessoas de outras localizações sem ser Portugal, e comecei a entusiasmar-me com a ideia de poder partilhar não só as minhas crónicas, como também dicas úteis de viagem e guias sobre os destinos que ia visitando.
O que é que te levou a viajar sozinha?
Em 2015 fui “forçada” a tirar férias quase de um momento para o outro, numa altura em que não tinha ninguém para me acompanhar. A ideia de viajar sozinha ainda me metia algum medo, mas não ia deixar que esse medo me impedisse de aproveitar as únicas férias que teria até ao final do ano.
Assim, inspirada pelas histórias de outros amigos que já tinham partido à aventura sozinhos, peguei na mochila, tentei ao máximo ignorar o nervoso miudinho que sentia, e pus-me a caminho do Vietname e do Laos, onde passaria as próximas 3 semanas na aventura da minha vida.
Por vezes, é a falta de segurança que impede as pessoas de viajar de mochila às costas num país exótico. Incentivar mulheres a sair da sua zona de conforto é um dos teus objetivos?
Completamente. Revejo-me muito nas confissões de mulheres que sentem receio de se verem do outro lado do mundo (ou por vezes, mesmo aqui ao lado) a percorrerem um país “estranho” sozinhas. Sentia exatamente o mesmo antes de o fazer pela primeira vez. Quando comecei a partilhar as minhas próprias experiências no blog e a receber feedback de mulheres que, graças a essa partilha, tinham ganho a coragem de que precisavam para viajarem sozinhas, senti que essa era a melhor recompensa que alguma vez poderia receber pelo tempo que dedico ao Joland.

Bagan, Myanmar (Créditos: Maria João Proença)
Sentes que há uma maior inspiração quando estás em viagem? Continuas a escrever durante esses períodos?
Durante bastante tempo partilhava religiosamente as minhas crónicas diárias no blog durante a viagem. É a melhor altura para o fazer porque ainda conseguimos transmitir com a verdadeira emoção o que sentimos e o que vivemos. Mas nos últimos tempos não o tenho feito tanto. O facto de trabalhar em viagem (trabalho remoto) faz com que o meu tempo seja bastante mais limitado e se usar o resto do tempo para escrever sobre a viagem, acabo por não a viver em pleno como deveria estar a fazê-lo.
O Joland tornou-se um dos blogs de referência em Portugal, na área das viagens. Na tua opinião, o que levou a que tanta gente se identificasse com as tuas crónicas?
Uau, obrigada pelo elogio! No fundo acho que as pessoas se identificam com a forma natural e espontânea com que partilho as minhas experiências e dicas de viagem. Sou sempre o mais natural possível, preocupando-me mais em fazer com que quem me lê perceba a emoção com que eu vivo as viagens, e que essa emoção, de certa forma, os motive a partirem à descoberta também.
Sou também bastante prática na forma como apresento as dicas de viagem. Escrevo artigos que eu própria gostaria de encontrar online ao procurar dicas sobre determinados destinos.

Deserto de Tatacoa, Colômbia (Créditos: Maria João Proença)
É possível viver apenas de um projeto deste género em Portugal?
Não sei dizê-lo ao certo na verdade. De repente só me lembro de uma pessoa que tenho quase a certeza que vive do seu trabalho enquanto blogger de viagens em Portugal, mas acredito que com bastante dedicação, espírito empreendedor e vontade de fazer acontecer, se consiga, sim.
Tens algum momento favorito em viagem, até agora?
A minha primeira viagem a solo, pelo Vietname e o Laos, é uma fonte inesgotável de momentos inesquecíveis de viagem. Tantos que não conseguiria enumerá-los aqui! Digamos apenas que foi uma viagem que mudou completamente a minha vida para sempre.
Por último, queres deixar algum conselho a quem quer viajar mas ainda tem receio do desconhecido?
A vida só vale a pena quando é vivida em pleno, sem medo do desconhecido, pois é lá que muitas vezes nos encontramos e que descobrimos facetas que nunca imaginámos ter. A sensação de ultrapassar um medo, de perceber que estar sozinho não é de todo tão perigoso ou assustador como pensávamos, é uma das sensações mais libertadoras que há.
Podes também seguir o trabalho da Maria João através das suas redes sociais.