A floresta tropical de Bornéu é um dos dois locais no mundo onde é possível ver orangotangos no seu habitat natural. Para além de Bornéu, os encontros com estes primatas são igualmente possíveis na ilha de Sumatra, com a espécie diferindo um pouco na aparência e comportamento da de Bornéu.
Pertencendo a três países, é na componente política Indonésia da ilha de Bornéu, conhecida como Kalimantan, onde fica o Parque Nacional Tanjung Puting sendo, sem sombra de dúvida, os orangotangos os habitantes mais conhecidos do parque. Contudo, densamente coberta por floresta tropical, ambas as populações de fauna e flora da ilha são extremamente diversas.

Um barco tradicional klotok leva-nos ao longo das negras águas do Rio Sekonyer ao encontro dos orangotangos (créditos: Luís Ferreira)
O encontro com orangotangos no seu habitat natural
A melhor forma de explorar o parque é num cruzeiro pelo rio, numa pequena área dos seus 4150 Km2 , uma experiência única a desfrutar na nossa aventura pela Indonésia. Um barco tradicional klotok – o nome do barco refere-se ao som que este faz klo tok tok tok – leva-nos ao longo das negras águas do Rio Sekonyer, revelando macacos-narigudos, macacos, gibões, crocodilos, lagartos e jibóias. Ao longo do percurso, são visitadas três estações de alimentação dos respectivos centros de reabilitação. E é precisamente aqui que a magia acontece – o primeiro encontro com orangotangos!
Começamos por ouvir galhos e ramos de árvores a quebrar, movimentos que nos parecem invisíveis e de repente, eles aparecem, os orangotangos, as pessoas da floresta (orang significa pessoa e hutan, floresta)! Movendo-se pelo topo das árvores, tentam alcançar a plataforma de alimentação para comer uma pilha de bananas, batata doce ou até mesmo beber leite. Geralmente, as fêmeas são as primeiras a chegar, com as suas adoráveis crias.

A forma como os orangotangos se movem, o seu olhar, como interagem uns com os outros, é simplesmente fascinante (créditos: khamkhor)
Estes seres com quem partilhamos 97 % de ADN, facilmente nos fazem perder a noção do tempo enquanto os observamos. A forma como se movem, o seu olhar, como interagem uns com os outros, é simplesmente fascinante. Infelizmente, encontram-se em vias de extinção e a ameaça cresce sempre que a época seca se aproxima.
A ameaça do óleo de palma
Todos os anos, na época seca, incêndios intencionais deflagram, levados a cabo por companhias que aplicam a agricultura de corte e queima, de modo a limparem o solo das suas árvores nativas para plantarem a sua “colheita de dinheiro”, que é usada como um ingrediente em quase tudo, desde a comida à cosmética. Falamos do óleo de palma, um óleo vegetal extraído da fruta encontrada nas palmeiras.

Todos os anos, durante a estação seca, incêndios deflagram destruindo o seu habitat (créditos: Paulina L. Ela BOSF)
Habitat para cerca de 12 000 orangotangos, a maior parte da floresta das ilhas de Sumatra e Kalimantan, na Indonésia, assenta em grandes cúpulas de turfa (material de origem vegetal, parcialmente decomposto e inflamável). Assim que o fogo penetra a terra, pode arder quase indefinidamente, libertando para a atmosfera nuvens de metano, dióxido de carbono e ozono, entre outros gases e deixando uma destruição avassaladora em toda a floresta.

Orangotango bebé no que resta do seu habitat após um incêndio (créditos: Björn Vaughn)
No ano de 2016, cerca de 1,7 milhões de hectares de floresta foram destruídos, levando a uma nuvem de poluição atmosférica visível do espaço, libertando diariamente 15 a 20 milhões de toneladas de dióxido de carbono. O ar tornou-se ocre e a visibilidade reduziu para cerca de 30 metros. Os orangotangos, selvagens e nos centros de reabilitação, foram fortemente afetados por este desastre ecológico. Muitos dos orangotangos resgatados dos incêndios encontravam-se desnutridos, desidratados e com graves queimaduras. Alguns tiveram mesmo de ser submetidos a cirurgia a infeções exacerbadas pelo fumo. As infeções do trato respiratório, que podem vir a ser fatais, foram uma constante. O trauma após encontros hostis com humanos, enquanto forçados a procurar alimento fora do seu habitat normal, foi evidente. Mas, para além dos incêndios, os orangotangos estiveram expostos a outro perigo. Enquanto as chamas e fumo os empurravam para fora do seu já reduzido habitat, ao se aproximarem de aldeias habitadas por humanos, os adultos foram mortos e as crias vendidas no mercado negro animal.

As crias de orangotangos são muitas vezes vendidas no mercado negro animal (créditos: Wallula)
Lamentavelmente, este é um cenário que se repete todos os anos e a este ritmo, dentro de 10 anos, os orangotangos estarão extintos. Está nas nossas mãos fazer algo para evitar não só os desastres ecológicos como a extinção da espécie.
O que podemos fazer para salvar os orangotangos?
Consume óleo de palma sustentável
Sê um consumidor consciente optando por consumir somente óleo de palma sustentável e fazendo um esforço para eliminar óleo de palma não sustentável da tua vida. Só tens de seguir três passos!
Faz um donativo
Aqui está uma lista de organizações que podes ajudar e apoiar:
- The Borneo Orangutan Survival Foundation
- Orangutan Foundation International
- Orangutan Conservancy
- Orangutan Outreach
- Internacional Animal Rescue
- WWF
Visita o Parque Nacional Tanjung Puting
O Parque Nacional Tanjung Puting é casa para cerca de 6000 orangotangos. Ao visitares o parque, estás a contribuir para as receitas do mesmo e, consequentemente, para a conservação do habitat e da espécie.
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Foto de capa Cifer88