A viagem tem como destino o Altiplano Andino, o planalto mais largo da América do Sul, mas até lá chegarmos atravessamos paisagens completamente surpreendentes todos os dias (sim, não estou a ser exagerada!).
Começamos na cidade Cusco, o umbigo do império inca no Perú, viajamos atravessando a Bolívia das paisagens inóspitas e, fechámos a viagem no deserto mais árido do mundo, o Deserto de Atacama no Chile. Uma região de uma natureza inóspita e extraordinária, com espaço para experiências autênticas e arriscadas.
Eis algumas das paisagens mais surpreendentes nesta viagem pela América do Sul:
1. Machu Picchu
É de Cusco que viajamos até Machu Picchu. A cidade perdida do Império Inca, é ainda hoje um dos grandes mistérios do mundo e também um dos locais mais visitados. A combinação de beleza, história e magia, levaram-no a entrar na lista das Sete Maravilhas do Mundo Moderno e a ser considerado Património Mundial da UNESCO, em 1983.
Machu Picchu é dos lugares mais mágicos do Peru. A viagem de comboio serpenteia as montanhas que se cobrem de um denso manto verde e onde os pássaros ganham cores. As fortes correntes do rio Urubamba fazem-nos chegar até à pequena povoação de Aguas Calientes. Machu Picchu está escondida no alto de um penhasco e só quando entramos pelas escadas de pedra é que o cenário se revela! Por mais que tenhamos observado imagens na internet, Machu Picchu consegue sempre nos surpreender!

Machu Picchu foi descoberta em 1911, pelo explorador Hiram Bingham (créditos: Patrícia Campos)
2. Montanha colorida
A Montanha Winikunka, mais conhecida como Montanha Colorida, fica na cordilheira de Willkanuta, um dos pontos mais altos do sul do Peru. Este é um dos trekkings mais desafiantes.
Começamos a aventura em Cusco, a 3399 metros de altitude, seguindo viagem para a base da montanha. Depois de uma jornada de quase 3 horas de viagem chegamos acima dos 4000 metros para iniciar a caminhada. A ascensão até aos 5036 metros é de uma dureza extrema, no entanto todo o esforço é compensado pela paisagem até ao topo.
Ao longo do caminho vemos alguns lamas, assim como peruanos que vivem em comunidades isoladas. Ao fim de 2-3 horas chegamos ao miradouro onde se observa um belíssimo tapete de cores naturais. Como é possível? As composições de diferentes minerais pintam as montanhas de toda a cordilheira.

Montanha Winikunka, 5036 metros de altitude (Créditos: Patrícia Campos)
Ao lado, e para os mais aventureiros, há um vale extenso de cor vermelha que nos leva a pensar que estaremos em Marte. A superação é o sentimento comum que leva os viajantes ao primeiro desafio da viagem.
3. Lago Titicaca
No Lago Titicaca, partilhado entre o Peru e Bolívia, encontram-se várias ilhas e comunidades que aqui se estabeleceram há vários séculos (antes mesmo do domínio do Império Inca) e que guardam até aos dias de hoje algumas das suas tradições e costumes ancestrais.
Depois de atravessarmos a fronteira boliviana viajamos de barco até à ilha do sol. Numa ilha sem carros, com dificuldades de água, luz e comunicações, o desafio mais marcante do viajante é a acomodação à vida simples dos bolivianos.
A casa do José é bem no alto da Ilha do Sol, depois do sacrifício a subir a ilha, ele recebe-nos com um belo prato de truta na mesa e sobre a paisagem envolvente do Lago. É aqui que o tempo pára e onde celebramos o sol.

Miradouro na Ilha do Sol, 4100 metros de altitude (Créditos: Patrícia Campos)
4.. Estrada da morte
E depois da serenidade, chegámos à aterradora La Paz. Um vale de bairros de lata perfaz as montanhas de La Paz. E ao entrar no núcleo da cidade, Julio leva-nos pela história actual do país. Evo Morales preenche as questões dos viajantes e é ali, no epicentro da cidade que muitas dúvidas se desfazem.
E se achávamos que a viagem precisava de ainda mais aventura, chegou a hora de arriscar a vida. Desafiamos a sorte numa aventura de bicicleta downhill. A aventura começa a 4700 metros, sobre as nuvens de La Cumbre. A estrada da morte é um caminho de terra com pedras soltas, com curvas fechadas, com quedas de água a cair sobre o caminho e desfiladeiros íngremes sem qualquer proteção. As centenas de cruzeiros ao longo do caminho não assustam os destemidos. Nem as histórias que os guias vão contando em cada paragem de descanso. Uma pequena queda no desfiladeiro é fatal.
A estrada faz jus ao seu nome? Bem, a estrada não é assim tão estreita e os guias são tão cuidadosos que as paragens vão sendo realizadas de maneira a controlar os perigos. Para além disso, vamos equipados da cabeça aos pés e a bicicleta tem travões afinados.
A aventura afasta os medos, a paisagem faz-nos arriscar. Das montanhas altas e nevadas a mais de 4000 metros de altitude até à selva tropical aos pés da Amazónia a 1700 metros. A descida íngreme torna-se uma excitação alegre no corpo. Terminamos o dia com um banho no rio sobre o sol quente e o ar abafado dos climas tropicais. A Bolívia é feita de contrastes, de perigos iminentes e lugares inóspitos. E isso cativa todos os viajantes.

Estrada da Morte (Créditos: Patrícia Campos)
5. Salar de Uyuni
A cidade de Uyuni, é o ponto de partida para a próxima aventura. A imersão pelo Sul da Bolívia é realizada numa expedição de Jeep 4×4, passando por alguns dos lugares mais inóspitos do mundo.
Sob o céu arqueado do altiplano boliviano, a mais de 3.600m de altitude, encontra-se o Salar de Uyuni, o maior deserto de sal do mundo. Um tapete branco, numa área de mais de 12.000 quilómetros quadrados. Na época seca, o céu brilha com tanta força que quase estala os hexágonos de sal; na época das chuvas, o deserto transforma-se num gigante espelho de água. É uma paisagem única!
Os longos quilómetros percorridos, sem sinal de comunicação, com a música a fazer-nos mergulhar na atmosfera altiplânica e as mãos seguras dos nossos guias a levar-nos pelos caminhos certos. Estamos de corpo e alma na viagem. Observamos na linha do horizonte alguns jipes minúsculos, uma linha que parece não ter fim. Sentimos a imensidão e o silêncio do deserto. E quando o sol desce entre as montanhas, acendem-se as estrelas no céu.

Salar de Uyuni (Créditos: Patrícia Campos)
6. Lagoas de todas as cores
E quando o dia amanhece, a paisagem transforma-se em cada abrir de montanhas. Estamos no deserto mas a paisagem é tudo menos monótona. Avistam-se lagoas de várias cores, vulcões que nos orientam no caminho, e por vezes alguns animais nos surpreendem: vicunhas, raposas e milhares de flamingos.
A Lagoa Colorada é uma lagoa rosada, localizada na grande área protegida da Reserva Florestal de Fauna Andina Eduardo Avaroa, com 7150 km² de extensão. Uma das áreas de maior biodiversidade do mundo. Para além dos flamingos que calmamente pesquisam os microorganismos que lhe dão alimento, ao longe a cor branca do bórax cria um tapete que desce o vulcão Jorcada.

Lagoa Colorada (Créditos: Patrícia Campos)
Noutro ponto, avistam-se os géisers de Sol da la Mañana. As fumarolas alcançam uma altura acima dos 10 metros e estão a altas temperaturas, levando a imaginação para o centro da terra. E ainda há tempo para relaxar nas águas termais de Polques sobre um céu estrelado. As constelações que constituem o hemisfério sul levam-nos por histórias e visões andinas. As nublosas de Magalhães e a via láctea estão aos olhos de todos! Enquanto nos aquecemos nas águas termais contamos as estrelas cadentes e celebramos o ressurgimento do sol nas montanhas.

Géisers Sol de la Mañana (Créditos: Patrícia Campos)
7. Deserto de Atacama
Chegamos ao norte do Chile e São Pedro de Atacama é o epicentro do mais seco, vasto e misterioso deserto de Atacama. Assim, que cruzarmos a fronteira de Hito Cajon, a viagem desce dos 4000 metros aos 2408 metros de altitude na cidade de São Pedro Atacama. Num curto espaço de tempo, o frio é esquecido e o calor abrasador tira-nos o fôlego.
A Marisol é a atacamenha que nos leva por algumas das comunidades originárias. Observamos as estrelas no jardim da casa da Eli e provamos vinho na quinta biológica de Patrício, o seu pai, que nos conta histórias de quando era criança. Flutuamos em lagoas escondidas e somos levados pelos sons da música enquanto celebramos o pôr-do-sol a mudar as cores das montanhas em Tabantique. Os atacamenhos são gente de um coração gigante, que nos conectam com a Mãe Terra através de histórias contadas de boca em boca há milhares de anos.

Lagoa Esmeralda (Créditos: Patrícia Campos)
E de paisagens inóspitas a sentimentos profundos, a viagem é uma autêntica descoberta da mãe Natureza e de entendimento da vida humana. Neste momento, tão crucial da América do Sul, viajar por aqui nunca fez tanto sentido!
Vem conhecer estas paisagens surpreendentes com a The Wanderlust!